Currais Novos

13 de maio em Currais Novos – 50 anos da grande tragédia!

Monumento em homenagem as vítimas do acidente

À margem direita da BR – 226, no Bairro Paizinho Maria, em Currais Novos há um monumento erigido em homenagem às vítimas do dia 13 de maio de 1974. Uma marca da tragédia que mudou o destino de muitos.

Na noite do dia 13 de maio deste ano descia da Matriz de Sant’Anna rumo ao Santuário de Nossa Senhora de Fátima uma grande procissão, alegre e festiva com a imagem de Nossa Senhora de Fátima e, no cortejo processional gente de todas as origens, faixa etária; de diferentes procedências e classes sociais, todos em comunhão em prol do mesmo objetivo em comum: celebrar a mesma liturgia, com alegria e fé na mesma devoção.

Na frente do cortejo, conduzindo-os, ia o reverendo padre Mons. Ausônio de Araújo Filho com alguns auxiliares bem próximos. Num dado momento, quando já entravam no bairro Paizinho Maria, Monsenhor Ausônio voltava-se ao coro para orientar-lhe acerca dos hinos e cânticos da procissão, quando, súbito, um grande desastre se abateu sobre todos: um ônibus desgovernado, sem freios, descia a ladeira rumo a procissão que vinha e, em instantes o que se viu foi um espetáculo sinistro e tenebroso de pavor e dor. O veículo passou atropelando a procissão, fazendo vítimas, deixando feridos, mortos e corpos estraçalhados espatifados pelo chão. Um cenário triste, lúgubre, de terror!

E foi por um triz que o padre Ausônio não foi atingido, pois uma mão anônima o puxou para fora do centro levando-o ao chão e salvando-o antes que o “monstrengo” o tragasse primeiro. Daí então sobreveio pânico e desespero, tendo alguns dos sobreviventes de ir ajudar a reconhecer e a recolher destroços de corpos de entes conhecidos, inclusive o próprio pároco, Pe. Ausônio que, mesmo ferido, enfrentou esta difícil situação confortando, consolando e auxiliando o povo a exemplo de Cristo nosso Senhor, o Bom Pastor.

Neste fatídico dia morreram vinte e quatro pessoas: Antônio Othon Filho (Vulgo Dr.Nithon),Adelvina Cardoso, Aristeu de Araújo Dantas, Aureliana Maria da Conceição, Brígida Luiza Dantas, Francisca Dantas de Medeiros, Francisco Damião, Francisco Izidro de Lima, João Batista de Araújo, Leonízia Eulália de Macedo, Luzia Pereira de Araújo, Maria Agostinha dos Santos, Maria Antônia da Silva, Maria Elionaide Pinheiro Galvão, Maria Francisca de Jesus, Maria Lenice da Silva, Maria Luzia Garcia, Maria Tereza da Conceição, Rita Emília da Conceição, Rosa Soares da Silva, Severina Maria da Silva, Severino Vicente da Silva, Silvina Alves da Costa, Tereza Medeiros.

O fato, por demais chocante, ficaria gravado eternamente na mente dos sobreviventes, no coração dos contemporâneos e na lembrança dos pósteros, pois além de ter repercutido em várias mídias dentro e fora do estado do Rio Grande do Norte ficou gravado para a eternidade nos versos do poeta Henrique José:

“ 24 mortos no chão
E outros tantos machucados
Pois um ônibus que vinha
Não me lembro qual o lado
Passou por cima de todos
Deixando o povo estirado

(…)

– Oh meu Deus, por piedade!
Como pode acontecer?
Dizia Padre Ausônio
Tentando o povo atender
Alguém que estivesse vivo
Para não deixar morrer.

(…)

Currais Novos não esquece
Essa data de terror
Pois a data do acidente
Na rua onde houve a dor
Se chama 13 de maio
Local de pranto e horror.

(…)

Todo ano é lembrado
No local do acidente
Com uma missa solene
Que lembra a toda gente
Que morreram nessa noite
Deixando na terra um parente.”

Cordel: O trágico acidente 13 de maio ou o relato de um sobrevivente – Henrique José da Silva

Um ano depois do ocorrido, nesta mesma data, a população de Currais Novos reunida em frente a Matriz de Sant’Anna celebrava a missa do primeiro aniversário em memória e em intenção dos mortos do dia 13 de maio de 1974. A Santa Missa foi presidida pelo então bispo diocesano de Caicó: Dom Manuel Tavares e concelebrada pelos padres: Mons. Ausônio de Araújo Filho, Mons. Ausônio Tércio; José Dantas Cortêz; Ernesto Spínola; Deoclides Diniz e Hudson Brandão.

Missa na Igreja Matriz de Sant’Ana no dia do sepultamento das vírimas do acidente

A cerimônia contou também com a presença do prefeito Bitamar Bezerra Barreto, do vice-governador Genibaldo Barros e todo o povo de Deus reunido. Na ocasião o prefeito entregou o monumento, uma cruz sobre pedestal marmorizado contendo os nomes dos falecidos para ser chantado na praça Aproniano Pereira e em seguida, anunciou que a então Rua Santos Dumont iria se chamar Avenida 13 de Maio, nome este o qual ostenta até aos dias de hoje, e onde todos os anos, religiosamente se celebra os sagrados ritos litúrgicos da Santa Missa em prol dos falecidos de 13 de maio de 1974.

REFERÊNCIAS:

Totoró, berço de Currais Novos – Joabel Rodrigues de Souza;
Calendário histórico potyguar e seridoense – Adauto Guerra Filho;
Mon. Ausônio Araújo – Os Seridoenses – Gente Potiguar (Plaquete)
Diário de Natal – Quarta-feira, 14/05/75 (hemeroteca digital);
O trágico acidente 13 de maio ou o relato de um sobrevivente – Henrique José da Silva.

Por Damião Silva

 

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