Literatura

1º de maio – Dia da Literatura Brasileira

1º de maio - Dia da Literatura Brasileira

Lista com alguns dos mais proeminentes autores do Brasil.

1- O Quinze – Rachel de Queiroz – Ceará.
Trecho:
” No dia seguinte, de madrugada bem cedo, Vicente, no seu cavalo pedrês, galopava na estrada. De longe ainda apareceu-lhe a casa do Logradouro, erguida no seu alto. As janelas verdes, cerradas, o alpendre vazio, o curral, com a poeira seca do estrume meio varrida pelo vento. Defronte à janela do quarto de Conceição, uma forquilha onde sempre havia uma panela de barro com um craveiro, se espetava sozinha, sem planta e sem panela, estendendo para o ar os três braços vazios. E na frente do alpendre, um gato faminto, esguio como uma cobra, miava lamentosamente.”
2 – Vidas Secas – Graciliano Ramos – Alagoas
Trecho:

” Baleia (a cachorrinha) queria dormir. Acordaria feliz, num mundo cheio de preás. E lamberia as mãos de Fabiano, um Fabiano enorme. As crianças se espojariam com ela, rolariam com ela num pátio enorme, num chiqueiro enorme. O mundo ficaria cheio de preás, gordos, enormes.”
3 – O Cortiço – Aluísio Azevedo – Maranhão
Trecho:

“Eram cinco horas da manhã e o cortiço acordava, abrindo, não os olhos, mas a sua infinidade de portas e janelas alinhadas.
Um acordar alegre e farto de quem dormiu de uma assentada sete horas de chumbo. Como que se sentiam ainda na indolência de neblina as derradeiras notas da ultima guitarra da noite antecedente, dissolvendo-se à luz loura e tenra da aurora, que nem um suspiro de saudade perdido em terra alheia.”
4 – O Pagador de Promessas – Dias Gomes – Bahia
Trecho:

” ZÉ
Não era direito. Eu prometi trazer a cruz nas costas, como Jesus. E Jesus não usou almofadinhas.
ROSA
Não usou porque não deixaram.

Não, nesse negócio de milagres, é preciso ser honesto. Se a gente embrulha o santo, perde o crédito. De outra vez o santo olha, consulta lá os seus assentamentos e diz: – Ah, você é o Zé-do- Burro, aquele que já me passou a perna! E agora vem me fazer nova promessa. Pois vá fazer promessa pro diabo que o carregue, seu caloteiro duma figa! E tem mais: santo é como gringo, passou calote num, todos os outros ficam sabendo.”
5 – O Sedutor do Sertão ( Romance) – Ariano Suassuna – PARAÍBA
Trecho:

” – Seu problema é mais de saúde, mais de coragem ou mais de amor?
– É mais de amor!
– Leve essa garrafada! Nessa eu carreguei na catuaba! É santo remédio para seus incômodos!”
6 – Os Sertões ( Romance) – Euclides da Cunha – RJ
Trechos:

” O sertanejo é, antes de tudo, um forte.”

” Canudos não se rendeu. Exemplo único em toda a história, resistiu até o esgotamento completo. Vencido palmo a palmo, na precisão integral do termo, caiu no dia 5, ao entardecer, quando caíram os seus últimos defensores, que todos morreram. Eram quatro apenas: um velho, dois homens feitos e uma criança, na frente dos quais rugiam raivosamente cinco mil soldados.”
7 – O Ateneu ( Romance) – Raul Pompeia – RJ
Trecho:

“Vais encontrar o mundo, disse-me meu pai, à porta do Ateneu. Coragem para a luta.
Bastante experimentei depois a verdade deste aviso, que me despia, num gesto, das ilusões de criança educada exoticamente na estufa de carinho que é o regime do amor doméstico,…”
8 – Grande Sertão: Veredas ( Romance) – J. Guimarães Rosa.
Trecho:

” Com Deus existindo, tudo dá esperança: sempre um milagre é possível, o mundo se resolve. Mas, se não tem Deus, há-de a gente perdidos no vaivem, e a vida é burra. É o aberto perigo das grandes e pequenas horas, não se podendo facilitar – é todos contra os acasos. Tendo Deus, é menos grave se descuidar um pouquinho, pois no fim dá certo. Mas, se não tem Deus, então, a gente não tem licença de coisa nenhuma! Porque existe dor.”
9 – O Choro no Travesseiro ( Novela) – Luiz Vilela – MG
Trecho:

” …sozinho com meus sentimentos, meus pensamentos, minhas lem- branças. No escuro do quarto, deitado com o rosto no travesseiro, eu chorei: chorei de raiva, de decepção, de desamparo…”
10 – A Escrava Isaura ( Romance) – Bernardo Guimarães – MG
Trecho:

” – Mas senhora, apesar de tudo isso, que sou eu mais do que uma simples escrava? Essa educação que me deram e essa beleza, que tanto me gabam, de que me servem?…”
11 – Os Melhores Contos de Rubem Braga ( Contos) – Rubem Braga – Espírito Santo
Trecho:

” De todos esses periquitinhos que tem no Brasil, tuim é capaz de ser o menor. Tem bico redondo e rabo curto e é todo verde, mas o macho tem umas penas azuis para enfeitar. Três filhotes, cada um mais feio que o outro, ainda sem penas, os três chorando. O menino levou-os para casa, inventou comidinhas para eles; um morreu, outro morreu, ficou um.” ( CONTO: Tuim criado no dedo.)
12 – Floradas na Serra ( Romance) – Dinah Silveira de Queiroz – SP
Trecho:

” Cobria-se a Serra de flores. Correu primeiro um balbucio de primavera. Seria já a florada? Botões, aqueles pequenos sinais? No meio dos bosques escondidos entre os montes, o amarelo e o vermelho salpicavam, abriam no verde sorridente espanto. Em lugares mais resguardados, mais favorecidos, em breve surgia a neve florida cobrindo as pereiras e transformando, enriquecendo a paisagem. E logo também floriam os pessegueiros. Junto das favelas, nos parques dos sanatórios, rodeando os bangalôs, à beira das águas mansas, a florada em rosa e branco apontou finalmente, luminosa, irreal.
Perto do pequeno lago em que se debruçavam as pereiras alvas, encantadas, o pintor armou o cavalete. …
13 – Os Brutos (Romance) – José Bezerra Gomes – RN
Trecho:

” Não quero você misturado com essa cabroeira. São uns brutos do oco do mundo que
não têm o que dar.
Não me queria na companhia deles que me podiam botar a perder.”
14 – Cavalos e Obeliscos ( Novela) – Moacyr Scliar – RS
Trecho:

” Tu achas que eles vão mostrar na TV os gaúchos amarrando os cavalos no obelisco?”
15 – Contos Populares do Brasil ( Contos, Lendas e Fábulas tradicionais do Brasil) – Sílvio Romero – SERGIPE
Trecho:

SAPO COM MEDO D’ÁGUA

” Dois meninos pararam na beira da lagoa para descansar.
Então, viram um sapo dormindo e resolveram implicar com ele. Agarrando-o com as mãos, disseram:
– Olha que desengonçado! – disse um deles, apertando o bicho entre os dedos.
– É nojento! – completou o outro.
Os dois resolveram fazer maldade. (…)”

Por Damião Silva

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