A boca que me beijou cuspiu com nojo de mim, mote muito antigo, cantado pelo saudoso poeta paraibano Mané Xudu e glosado pelo poeta Leo Medeiros, na época que residia na cidade de Sobral, ceará.
Não consigo acreditar
No que fez essa donzela
Dei minha vida por ela
A levei para um altar;
Dei um nome, dei um lar
Rodeado de jardim
Pensei de nunca ter fim
Mas tão depressa acabou
A boca que me beijou
Cuspiu com nojo de mim.
Ela me deu tanto beijo
Com aquela boca meiga
Beijo de sabor manteiga
E goiabada com queijo;
Fingia sentir desejo
Na caminha de capim
Do beijo sabor pudim
Só a lembrança restou
A boca que me beijou
Cuspiu com nojo de mim.
Entreguei meu coração
A uma mulher fingida
Que brincou com minha vida
Sem a menor compaixão
Hoje afogo a solidão
Em uma taça de gim
Vivo só no botequim
Desde que ela se mandou
A boca que me beijou
Cuspiu com nojo de mim.
Mote cantado pelo repentista Mané Xudu
Glosas: Léo Medeiros
Sobral, 27/10/2007.