Um texto belíssimo carregado de verdades sobre os males que as guerras provocam no planeta, escrito por Eduardo Galeano, jornalista e escritor uruguaio, que nasceu na capital uruguaia no ano de 1940 e faleceu na mesma terra em 2015.
O texto denuncia a indústria da guerra e quem são os interessados para que ela pessista. Por que se gasta tanto dinheiro com o poderio bélico enquanto milhares morrem de fome ou de doenças que tem cura? As Guerras Mentem, com interpretação de Leo Medeiros, trilha sonora de Jimena Contreras e produção de Soriê Produções.
Nenhuma guerra tem a honestidade de confessar: eu mato para roubar.
As guerras invocam, sempre, motivos nobres, matam em nome da paz, em nome de Deus, em nome da civilização, em nome do progresso, em nome da democracia e se por via das dúvidas nenhuma dessas mentiras for suficiente, aí estão os grandes meios de comunicação dispostos a inventar novos inimigos imaginários para justificar a conversão do mundo num grande manicómio e um imenso matadouro.
Em Rei Lear, Shakespeare, escreveu que neste mundo os loucos guiam os cegos e quatro séculos mais tarde, os senhores do mundo estão loucamente apaixonados pela morte, que transformaram o mundo num lugar onde a cada minuto morrem de fome ou de doença curável dez crianças e a cada minuto se gastam três milhões de dólares, três milhões de dólares por minuto, na indústria militar que é uma fábrica de morte.
As armas exigem guerras e as guerras exigem armas, e os cinco países que dominam as Nações Unidas, que têm poder de veto nas Nações Unidas, acabam por ser também os cinco principais produtores de armas.
Alguém perguntará, “Até quando?”
Até quando a paz mundial estará nas mãos daqueles que fazem o negócio da guerra? Até quando vamos continuar a acreditar que nascemos para extermínio mútuo? E que o extermínio mútuo é o nosso destino?
Até quando?
Eduardo Galeano