Cordel: Teresa de Calcutá, Rainha do Bem-estar
Cordel do poeta e advogado, piauiense, Francisco Almeida. Um belo trabalho poético onde o vate discorre sobre as 21 lições deixadas pela Madre Teresa de Calcutá, nascida em 26 de agosto de 1910 na Escópia e falecida em Calcutá na Índia em 05 de setembro de 1997. Leia o cordel na íntegra e ouça a declamação do poeta Léo Medeiros, trilha sonora de Tião Simpatia e produção de Soriê Produçoes.
Em mensagem de otimismo,
Transmite-nos Calcutá,
Por vinte e uma perguntas
As regras do bem-estar;
Em escritos bem singelos
Com belezas de castelos,
Do início até fechar.
Ela pergunta e responde
Com lição muito profunda,
A cada interrogação,
De sabedoria inunda
Este nosso ser errante,
Sobremodo vacilante,
Para uma vida fecunda.
Dando início, ela indaga,
Qual será o dia mais lindo?
Com resposta bem cristã:
É o dia que está fluindo;
O hoje é belo presente,
O amanhã está ausente
E o ontem já está findo.
Qual é a coisa mais fácil?
Enganar-se é a resposta,
A raça humana é falível
Mesma de razão composta,
Comete erros tão banais
Mais que outros animais,
E de perdoar, não gosta.
Qual o óbice mais difícil?
É o de vencer o medo,
Um monstro devorador
Sem guardar qualquer segredo,
Deixa-nos muito arrasados
Com os braços amarrados,
Livre-se dele, o mais cedo.
Maior erro cometido?
É o de se abandonar;
Valorize sua pessoa!
Não deixe de se cuidar,
Ninguém velará por nós
O ser humano é algoz,
Depois pode se doar.
Raiz de todos os males?
É o gigante egoísmo,
Ficar no centro do mundo
Não constitui heroísmo,
É dando que se recebe
Mas pouca gente percebe,
Naufragando neste abismo.
A mais bela distração?
É nosso honrado trabalho,
A preguiça é um mal grave
Não vá seguir por atalho
E nem depender da sorte,
Seja pessoa muito forte,
Com dureza de carvalho.
Qual é a pior derrota?
É o triste desalento;
Jamais se entregue ao desânimo
Seja um vibrador atento;
O plano gera a ação
E esta a realização,
A coragem o alimento.
Os melhores professores?
São as queridas crianças,
Inocentes, sem maldades
Não lhes faltam esperanças
Com suas respostas sinceras,
Pois em franqueza são feras
E nos provocam mudanças.
Primeira necessidade?
É a comunicação,
Sem relacionamento
Não há uma interação,
Pois, o entendimento é tudo,
Até mesmo pro ser mudo,
No caminho do cristão.
Qual é o maior mistério?
É a morte, com certeza;
Existem explicações
Mas nenhuma com firmeza,
Só mesma a fé pra sanar
Toda dúvida afastar,
Prosseguindo a correnteza.
E qual o pior defeito?
É o horrível mau humor,
Um comportamento péssimo
Que destrói qualquer amor;
Consome nossa saúde
De forma tão amiúde,
Vamos dele ter pavor.
A pessoa mais ofensiva?
É aquela mentirosa,
Acaba muita amizade
Extingue com fama honrosa,
Entre algum vadio sincero
E o mentiroso severo,
A mentira é mais gravosa
Qual o pior sentimento?
Diz ela que é o rancor,
Sendo o contrário da paz;
É conservar o furor,
Um veneno pra quem guarda
E a saúde não resguarda,
É cavaleiro da dor.
O presente mais bonito?
É o sereno perdão,
Um prémio incalculável
Sem qualquer comparação;
É qualidade do forte,
O fraco não tem suporte,
Fazendo condenação.
Qual é a rota mais rápida?
É a do caminho correto,
Embora sendo espinhoso
Mas será o predileto,
É a trilha do direito
Com tudo justo e perfeito,
Que nenhum mal acarreta.
Qual a melhor sensação?
A de paz interior;
É a pura felicidade
Não depende de favor,
Felicidade é estado
Que nunca se tem comprado,
Só se consegue c’amor.
Defesa mais eficaz?
É um sorriso espontâneo,
Não se defenda com ira,
Tenha controle instantâneo,
Violência não resolve,
Pois suas forças não devolve;
Tenha no amor supedâneo.
E qual o melhor remédio?
O eficaz otimismo;
Com ele sempre se vence
E não se cai em abismo,
A força tá na esperança
No que se acredita alcança,
Sem cometer vandalismo.
A maior satisfação?
É a do dever cumprido;
O trabalho realizado
Com o seu fim atingido,
Sendo a grande recompensa
Vindo da labuta intensa,
Que se tem por merecido.
Força mais forte do mundo?
É a invencível fé;
Não deseje explicar Deus
Pois terá um pontapé,
Somente a fé radiante
Levar-lhe-á adiante,
Quer no chão ou na maré.
A mais bonita das coisas?
É o paciente amor,
Tolerante, sem limite,
Na alegria ou na dor;
Não cobra compensação
É como uma devoção,
Recheada de esplendor.
Minha singela Teresa
Venho aqui agradecer,
Por estas belas lições
Que terminei de aprender;
Não seguindo plenamente,
Mas mesmo parcialmente,
Melhor pessoa irei ser.
Por: Francisco de ALMEIDA
Advogado da União e Poeta Popular.