Fiz tudo para ficar Não deu certo, vou embora
Eis os lindos versos desses dois grandes vates da poesia popular, do grande Daudeth Bandeira quem mora hoje em João Pessoa-PB, autor do mote e das três primeiras glosas, assim como as glosas do extraordinário poeta Wellington Vicente, filho do saudoso cantador Zé Vicente da Paraíba.
Fiz tudo para ficar
Não deu certo, vou embora.
Lhe dei o meu sobre nome,
Eliminei empecilhos,
Lhe dei casa, amor e filhos,
Juntos não passamos fome;
Tudo que a mulher consome
Dei a você toda hora,
Nunca lhe deixei de fora
Dos meus deveres do lar.
Fiz tudo para ficar
Não deu certo, vou embora.
Eu lhe devotei amor,
Como mais ninguém devota,
Mas vi que o amor desbota
Igual a tinta na cor;
Igual perfume na flor,
Que inebria a aurora,
Mas vem a brisa da flora
E o leva a outro lugar
Fiz tudo para ficar
Não deu certo, vou embora.
Um imensurável tédio
Tomou conta de nós dois;
Posso até voltar depois,
Mas ficar, não há remédio!
Estou na porta do prédio,
Com um pé dentro outro fora!
Já vi que você não chora,
Eu também não vou chorar!
Fiz tudo para ficar
Não deu certo, vou embora.
Daudeth Bandeira, João Pessoa, janeiro de 2009.
Desprezei a boemia,
Dos amigos me afastei
E nunca mais frequentei
O campo da freguesia
Pra que minha companhia
Estivesse a toda hora
Sendo a base de escora
Da tua forma de amar.
Fiz tudo para ficar,
Não deu certo, vou embora.
O futebol do domingo
Até deixei de assistir,
Só para contigo ir
À quermesse jogar bingo.
Nunca mais bebi um pingo
De cachaça “Nova Aurora”
Pra não ver minha senhora
Dar sermão pra eu parar.
Fiz tudo para ficar,
Não deu certo, vou embora.
Hoje estou no meu limite,
Vou voltar pra mim de novo,
Pouco importa se o povo
Queira dar qualquer palpite.
Vou atender o convite
Da boemia de outrora,
Só o violão agora
Pode me acompanhar.
Fiz tudo para ficar,
Não deu certo, vou embora.
Glosas: Wellington Vicente.
Mote: Daudeth Bandeira)
Porto Velho, 06/01/2009.