Léo Medeiros e Hélio Crisanto – Versos de Pé de serra
Leo Medeiros
Hoje tem forró do bom
desse que o peito palpita
é o Trio Arapuá
no pavilhão Santa Rita
o legítimo pé de serra
cantando a música da terra
fazendo a festa bonita.
Hélio Crisanto
Bote um vestido de chita
Pegue o seu chapéu de couro
Calce a sandália de sola
Feita de pele de touro
Vá curtir nosso fuá
Com o Trio arapuá
Um forró que vale ouro
Leo Medeiros
Esse trio é um estouro
e tem seu público cativo
aonde tiver zabumba
sanfona e triângulo ativo
mostra que o cabra da peste
valoriza o meu Nordeste
e que o forró está vivo.
Hélio Crisanto
Fazendo um clima festivo
O povo se contagia
Tocando um forró decente
Sem cantar pornografia
Honrando assim Gonzagão
O nosso rei do baião
Que tocou com maestria
Leo Medeiros
Tem forró e tem poesia
xaxado, xote e baião
mês de junho se aproxima
haja quadrilha e são joão
é grande o fuloriado
e o povo dança colado
que o suor pinga no chão.
Hélio Crisanto
Haja traque e foguetão
Milho assado na fogueira
Matuto se peneirando
Pra pegar moça solteira
Chegando a hora da cota
Tira do bolso uma nota
E puxa fogo a noite inteira
Leo Medeiros
Toma uma cana brejeira
misturada com quinado
vai mijar e solta a dama
volta, um cabra tem pegado
inicia a confusão
pontapé e empurrão
finda com beiço rachado.
Hélio Crisanto
É tapa pra todo lado
Cabra levando butina
Chega um sujeito safado
Apagando a lamparina
Querendo ser o brabão
Com um canivete na mão
Pra rasgar a concertina
Leo Medeiros
Um cabra da fala fina
perde logo a compostura
um gaiato joga pó
de mico na sala escura
com meia hora pra frente
um cabo pega o valente
e joga na viatura.
Hélio Crisanto
Um meninote dedura
Quem jogou pó no salão
Apontando pro sujeito
Pra ele acenando a mão
O cabra vendo a besteira
Meteu o pé na carreira
Com medo de um safanão
Leo Medeiros
Mas depois da confusão
se recomeça a folia
Totonho dança com Chica
Raimundo pega Luzia
e o tocador animado
com seu fole remendado
vai até raiá o dia.
Hélio Crisanto
Tocando cintura fina
Recomeça o sanfoneiro
Enchendo logo o salão
Quem estava no terreiro
Um cabra da boca mole
Seguindo o ritmo do fole
Metia a mão no pandeiro.
Léo Medeiros e Hélio Crisanto. Versos feitos de improviso através do Facebook.
Natal e Santa Cruz, 19/05/2015