Quanto mais canto o sertão Mais tem sertão pra cantar
Canto o mocó no serrote
Fugindo de caçador
Um vaqueiro aboiador
Tangendo vaca e garrote;
O sanfoneiro no xote
Fazendo o fole falar
E a beleza do luar
Clareando na amplidão
Quanto mais canto o sertão
Mais tem sertão pra cantar.
Canto a água descendo
Numa bela cachoeira
Menino com baladeira
Com o nariz escorrendo;
Parece até que estou vendo
Papai em casa chegar
Suado para almoçar
Com dois surrões de feijão
Quanto mais canto o sertão
Mais tem sertão pra cantar.
Eu canto o boi manso e forte
Puxando campinadeira
Um matuto com a peixeira
Desafiando a morte;
Brigando pela consorte
Que escolheu pra casar.
Canto relâmpago no ar
Que vem antes do trovão
Quanto mais canto o sertão
Mais tem sertão pra cantar.
Mote: Domínio Público
Glosas: Léo Medeiros
Sobral, 24 de outubro de 2011.